Há proprietários de automóveis que não poupam dinheiro e não pagam o próprio automóvel. É verdade que o cumprimento estrito do plano de manutenção recomendado no manual do proprietário do veículo prolonga a vida útil dos componentes, bem como evita que os problemas se agravem, o que, com as reparações posteriores, aumentará a conta da oficina.
Contudo, como dizem, todo excesso faz mal, e o ditado também vale para automóveis. Com a (boa) intenção de preservar o patrimônio, há proprietários que exageram no carinho, fazendo eles mesmos ou contratando serviços desnecessários.
1 – Polimento da pintura tem limite
Não há problema algum em lavar o carro nos fins de semana e passar aquela cera caprichada na pintura, desde que o veículo esteja na sombra, para prevenir o aparecimento de manchas.
Também é fundamental usar produtos adequados para esse tipo de cuidado, incluindo esponja e pano de microfibra. Muitos recorrem ao polimento para devolver o brilho à pintura, especialmente em carros mais antigos e rodados.
O resultado chega a impressionar, a ponto de pessoas fazerem elas mesmas o serviço na garagem de casa, utilizando uma máquina politriz.
Porém, mesmo se você tiver o conhecimento técnico, saiba que polir a pintura não é algo para se fazer com frequência.
Polimento é uma ação retificadora, para uniformizar, recuperar o brilho e remover imperfeições. Como remove parte da camada de verniz, ele tem um limite. Existem carros que não toleram mais que três polimentos.
2 – Colocar aditivo no óleo ou no combustível
Esse serviço, muitas vezes ofertado em postos de combustível com a promessa de “limpar” o motor e melhorar o consumo e o desempenho, é desnecessário e em alguns casos pode até causar dano, conselheiro da SAE Brasil.
O engenheiro lembra que, se o cliente fizer questão de um produto para prevenir o acúmulo de sujeira e de resíduos nos componentes internos, os postos já oferecem variantes aditivadas de gasolina e etanol.
Tanto o combustível quanto o óleo lubrificante já são certificados e vendidos com a formulação necessária para proporcionar o funcionamento ideal do motor.
O engenheiro lembra que, se o cliente fizer questão de um produto para prevenir o acúmulo de sujeira e de resíduos nos componentes internos, os postos já oferecem variantes aditivadas de gasolina e etanol.
3 – Limpeza ‘preventiva’ dos bicos injetores
Hoje não está prevista a limpeza de bicos injetores no plano de manutenção, ao menos nos manuais que eu já consultei. Desconheço montadoras que recomendam a prática ao atingir determinada quilometragem.
Essa cultura vem do tempo do tempo do carburador, quando era preciso remover o depósito de resíduos que se formava. Com a melhora na qualidade do combustível, o surgimento da injeção eletrônica e a evolução dessa tecnologia, a limpeza em intervalos regulares já não é obrigatória.
Para o especialista, essa intervenção deve ser realizada apenas quando o motor apresenta falha de funcionamento comprovadamente causada por bico entupido.
Tem de avaliar caso a caso. O sensor de oxigênio, a popular sonda lambda, pode identificar redução na vazão em um ou mais bicos injetores. Porém, o problema pode estar relacionado a outros componentes, como filtro obstruído e falha na bomba de combustível.
4 – Encher tanque até a boca para evitar pane seca
O manual do proprietário deixa bem claro: rodar com o tanque constantemente na reserva não é benéfico para o carro, pois, além de trazer risco de pane seca, que pode causar danos mecânicos e rende multa de trânsito. O consumo também sobe nessa situação.
Para evitar o problema, há motoristas que preferem encher o tanque o máximo possível, até quase transbordar – ainda mais em tempos de reajustes sucessivos dos combustíveis. Contudo, a estratégia igualmente não é recomendada e quem sofre com isso é o carro.
Encher o tanque até o bocal danifica o cânister, que é filtro com carvão ativado responsável por reter os gases provenientes da evaporação do combustível. Esse filtro, geralmente localizado próximo ao tanque, é encharcado, perdendo toda sua eficiência.
5 – Descarbonização do motor
A limpeza química da parte interna de motores, conhecida como “flush”, é um serviço que promete melhorar o consumo e também a performance.
A técnica utiliza produtos que podem ser adicionados diretamente no tanque ou no cárter, com o objetivo de remover a carbonização naturalmente causada pela queima do combustível e do lubrificante consumido no processo.
O “flush” é capaz de danificar componentes internos, como bronzinas, anéis e camisa do pistão, trazendo risco até de travamento do propulsor – o que exigiria uma retífica.
Não recomendo, sobretudo se o motor apresentar alta quilometragem e maior consumo de óleo, por conta do desgaste natural dos componentes internos, com formação de borra.
Quando você realiza um procedimento como esse, a carbonização e outros resíduos que se desprendem das válvulas de admissão e escape e dos pistões costumam contaminar o óleo. Especialmente o carvão traz partículas sólidas que, se ingressarem no circuito de lubrificação, causam riscos, trazendo a possibilidade até de o propulsor engripar e parar de funciona.
Via: UOL